É chegada a velhice! Éguas e garanhões que trabalharam, disputaram e/ou reproduziram a vida toda merecem descansar. Equinos acima de 20 anos são considerados idosos e, portanto, devem ser aposentados ou utilizados somente na reprodução. Os sinais físicos da velhice nesses animais são: perda de massa muscular e de condição corporal, aparecimento de pelos brancos ao redor dos olhos, nas ganachas e nos membros, dorso-lombo selado, rugas nos lábios, engrossamento da cauda e das articulações e, principalmente, perda de dentes entre outras.
Temos que considerar que a idade cronológica nem sempre coincide com a fisiológica, isto é, alguns Mangalarga Marchadores mais velhos apresentam melhores condições de saúde, parecendo jovens e outros parecem ser mais velhos do que realmente são. A qualidade da velhice está diretamente relacionada à qualidade da vida anterior a ela. Cada caso é um caso e essa situação deve ser considerada no manejo desses animais. Cavalos com piores condições devem receber cuidados especiais.
Temos que tomar certos cuidados com a nutrição de Mangalarga Marchadores idosos, porque suas exigências nutricionais, capacidade de absorção e metabolismo de nutrientes são diferentes de Mangalarga jovens.
A perda de dentes é um fator muito importante a ser considerado em equinos velhos, porque não permite a apreensão e a mastigação adequada dos alimentos, podendo levar ao emagrecimento pelo mau aproveitamento dos nutrientes da dieta. Esses animais devem receber rações umidecidas ou até mesmo forrageiras peletizadas. Em algumas situações, “sopões” contendo nutrientes adequados devem ser preparados e administrados cuidadosamente, para que não tenha risco de inalação e posterior pneumonia. A deficiência na mastigação pode ser um fator primordial para a ocorrência das tão temidas cólicas.
Deve-se fornecer somente forrageiras de excelente qualidade, isto é, verdes e suculentas, e concentrados com teor de proteína bruta um pouco maior (14%), devido à menor digestibilidade desse nutriente. A suplementação mineral também merece atenção especial, devendo ter sempre à vontade fontes de cálcio, fósforo e sal comum. Em Mangalarga Marchadores com dificuldade de manter a condição corporal, pode ser fornecido algum suplemento vitamínico-mineral, desde que respeitado as quantidades recomendadas pelo fabricante. O uso do óleo é uma boa alternativa como fonte de energia para animais que estejam sendo utilizados na reprodução, tanto garanhões como doadoras de embriões. O fornecimento de probióticos, os quais ajudam a manter a flora intestinal, proporcionam melhor digestibilidade da fibra presente na dieta. Alimentação dever individual devido à menor capacidade de concorrência no cocho desses animais.
Manejo diferenciado
Mangalarga Marchadores idosos devem permanecer soltos e, se possível, em companhia de outros animais, para que tenham acesso ao Sol e não se sintam isolados e abandonados.
Em regiões de menores temperaturas, os Mangalargas mais velhos devem ser protegidos do frio, principalmente durante o Inverno, necessitando, nesta situação, serem mantidos em estábulos ou baias espaçosas, confortáveis e arejadas durante a noite.
O excesso de peso deve ser evitado para o sistema locomotor (articulações, tendões e ligamentos) não fique sobre carregado. A condição corporal de animais velhos deve ser moderada.
Garanhões acima de 20 anos, que estejam sendo utilizados na reprodução, devem ter um manejo especial, com nutrição adequada (maior quantidade de energia) e número de montas controladas. Quando esse garanhão for usado ativamente por uma semana, na semana seguinte deverá descansar. Se for usado por duas semanas consecutivas, também deve descansar de uma a duas semanas. O garanhão idoso não deve ser usado por mais de duas semanas consecutivas, devido à queda natural de qualidade e quantidade da produção de espermatozóides, além da necessidade de redução do esforço físico causado pela monta.
Temos que ter sempre em mente que quanto mais velhos, maiores são as necessidades de cuidados. Atenção, carinho e reconhecimento são atitudes essenciais com cavalos e éguas durante suas vidas, de alguma forma, contribuíram com seu trabalho e sua fidelidade, nos proporcionando momentos de alegrias e realizações.
Por: Tiago de Resende Garcia ( Médico veterinário e doutorado em Nutrição Animal pela UFMG, professor na PUC/Minas, árbitro e instrutor da ENA)
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