A Orquiectomia, denominada vulgarmente por castração, é a cirurgia que se faz para a retirada dos testículos, uma pratica comum e muito antiga na criação de cavalos. Ela é usada principalmente para facilitar o manejo, tornando o animal mais dócil. Também evita cruzamentos indesejáveis e facilita a criação dos machos, pois, castrados eles poderão conviver juntos, diminuindo os gastos com piquetes individuais e minimizando o trabalho para os funcionários.
Muitos animais “inteiros” são agressivos e tornam a monta perigosa, principalmente para leigos e crianças. Esta agressividade torna-se mais evidente na puberdade. Cavalo “inteiro”, somente o garanhão. O comportamento muda muito quando o animal é castrado. O nível de testosterona circulante (hormônio produzido pelos testículos) cai em demasia, diminuindo também a libido.
A castração é indicada também para animais sem as características genéticas da raça, portanto, os que não serão usados para reprodução. Outras indicações para a castração são as neoplasias (tumores) e lesões traumáticas irreversíveis nos testículos e para animais criptorquidas, aqueles que apresentam um ou os dois testículos fora da bolsa escrotal.
Qual a idade indicada?
Normalmente a castração é feita em animais entre 2,5 a 3 anos de idade. Alguns veterinários preferem castrar nesta idade, quando os equinos já estão com crescimento e as características masculinas definidas. Para alguns autores, a castração de potros muito jovens pode levar os animais a apresentarem, quando adultos, aparência de potro e membros anteriores mal formados. Animais castrados mais velhos podem apresentar a libido ativa após a castração, ocorrendo o risco maior de hemorragias e infecções.
Um trabalho realizado por Cabrera et al.(2008), castrando animais aos dois meses de idade e comparando-os aos potros não castrados. Ele avaliou várias medidas, como altura de cernelha, da anca, do esterno e outras. Foram observadas diferenças significativas a favor dos não castrados aos 12 meses, mas, aos 24 meses, essas diferenças deixaram de ser significativas. Detectou-se ainda que a altura de cernelha pode ser 3 a 4 cm maior nos não castrados.
Os animais castrados aos 2 meses terão custo de cirurgia mais barato, riscos de hemorragia e infecção bem menores e recuperação mais rápida. Eu tenho castrado animais na faixa etária entre 18 a 30 meses ou até antes, caso o animal esteja trazendo problemas de manejo. Vale ressaltar que o potro pode ser fértil após 18 meses de idade, portando, não se deve deixá-lo em contato com as fêmeas.
Hoje percebemos que o cavalo de sela tem maior valor comercial, quando castrado. A maioria dos haras também já comercializa seus animais castrados e prontos para o trabalho e para o esporte.
Quem faz a cirurgia?
Ela é feita exclusivamente pelo médico veterinário. Só ele tem a capacidade de avaliar a condição de saúde do animal, conhecer sua anatomia, além de diagnosticar patologias que podem aumentar o risco cirúrgico.
O exame clínico é feito criteriosamente em todos os sistemas do organismo, principalmente o sistema reprodutor,
analisando tanto a genitália externa como a interna, realizando a palpação retal para checar os anéis inguinais internos, para averiguar seu diâmetro predispõe à hérnia inguinoescrotal que, durante ou após a cirurgia, pode provocar um prolapso do intestino (quando ele sai para fora do organismo), que é geralmente fatal.
As complicações mais comuns são o inchaço na região escrotal e prepúcio, hemorragia aguda e funiculite (infecção/inflamação do cordão espermático). O sucesso da castração depende principalmente dos cuidados pós-operatório. No primeiro dia após a castração, o animal deve permanecer em baia confortável, sendo observado periodicamente. Soltar o animal logo após a cirurgia pode ser muito perigoso, pois ele pode correr, rolar e provocar rompimento da ligadura, levando a hemorragia abundante e fatal.
A partir do segundo dia ele pode ser solto em piquete. Os cuidados e os tratamentos indicados pelo veterinário responsável devem ser seguidos à risca e qualquer alteração deve ser comunicada imediatamente ao profissional.
Complicações mais severas são decorrentes da castração feita por leigos, que não usam material próprio, não tem a capacidade de avaliar a saúde do animal, não fazem antissepsia e nem tem o conhecimento anatômico e, o que é mais grave não usam sedativos e/ou anestésicos, não se sensibilizando com a dor e sofrimento do animal.
Esta prática é expressamente proibida pela legislação do Conselho de Medicina Veterinária e, muitas vezes, apoiada
pelo criador. O criador tem que se conscientizar que ela é totalmente irregular e que as tarefas dos tratadores e peões são outras e não de médicos veterinários.
Os cavalos criptorquidas só podem ser castrados por veterinários. Geralmente, a cirurgia é feita em centros cirúrgicos.
Esterilização de fêmeas
Normalmente as éguas não são esterilizadas, mesmo aquelas sem nenhum valor genético. Hoje, essas éguas acabam sendo utilizadas como receptoras nos programas de transferência de embrião.
A Ovarioectomia é indicada em casos de ovários com patologia. É mais comumente usada em mulas que apresentam difícil controle, trazendo problemas sérios de manejo.
“Hoje percebemos que o cavalo de sela tem maior valor comercial, quando castrado. A maioria dos haras também já comercializa seus animais castrados e prontos para o trabalho e para o esporte.”
Por: Cleyton Eustáquio Braga (Médico Veterinário e professor da Faculdade de Estudos Administrativos de Minas Gerais (FEAD)
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