O controle de carrapatos dos eqüídeos é de extrema importância devido às peculiaridades desta espécie e a sua participação como transmissor de doenças para os animais e para o homem.
Existem várias espécies de carrapatos: nas fases adultas, eles são mais específicos para um determinado hospedeiro nas fases jovens de larvas ou ninfas, eles são menos seletivos, podendo parasitar vários animais e, inclusive, o homem.
Os eqüídeos são afetados principalmente por duas espécies o Anocentor nitens que, aloja principalmente na região interna da orelha e região nasal, e o Amblyomma cajennense, que parasita qualquer região do corpo e é encontrado parasitando outras espécies de animais como cães, capivaras, aves, bovinos e o próprio homem.
O carrapato de orelha, como é conhecido, e de fácil controle através de práticas de higiene periódicas, inspecionando as orelhas, removendo e aplicando carrapaticida local. Esta espécie ocorre durante todo o ano e seu ciclo de vida dura em torno de 28 dias.
O Amblyomma cajennense, conhecido como carrapato de cavalo, Rodoleiro ou Carrapato Estrela tem seu ciclo de vida completo em torno de um ano.
As fêmeas do Amblyomma cajennense, depois de fecundadas e ingurgitadas (teleóginas), desprendem-se do hospedeiro e realizam a postura no solo cerca de 12 dias após. Depois deste período de postura de 4 a 6.000 ovos em média, a fêmea morre. O período de incubação dos ovos em temperatura adequada, cerca de 30° C dura em média 30 dias, ocorrendo o nascimento das larvas, que são hexápodes (seis patas). Estas sobem nos hospedeiros e alimentam-se de linfa, tecidos digeridos e sangue por três a seis dias. Desprendem-se do hospedeiro e abrigam-se no solo por um período de duas a três semanas e transformam-se no estágio de ninfa, que são os octópodes (oito patas). Estas ninfas parasitam um novo hospedeiro durante uma semana e se ingurgitam de sangue e desprendem novamente do hospedeiro. Transformam-se em adultos no solo após um período de três semanas em média, conforme condições do ambiente. Os adultos acasalam-se durante o parasitismo no hospedeiro final enquanto as fêmeas fertilizadas iniciam o ingurgitamento que termina em um período de 8 a 12 dias, quando se desprendem do hospedeiro iniciando novo ciclo.
Sistema de controle
Conhecendo melhor ciclo do carrapato nos permite utilizar medidas estratégicas de controle. Cada fase do ciclo do carrapato ocorre em uma época do ano. As larvas ocorrem nos meses de março a julho enquanto as ninfas ocorrem nos meses de julho a novembro. Nestes períodos é possível fazer o controle químico, com pulverizações ou uso de produtos de uso interno. Estas fases jovens são mais sensíveis aos produtos químicos, sendo conveniente que as pulverizações sejam feitas com intervalos de sete dias.
A fase adulta ocorre nos meses mais quentes, de novembro a março. Os adultos são muito mais resistentes aos produtos químicos e as condições adversas do ambiente, podendo sobreviver em jejum por até dois anos, sendo de extrema importância o uso correto dos carrapaticidas, para evitar resistência a estes. Deve-se realizar Carrapatogramas para escolher os produtos de maior eficácia para cada fazenda. Pode ser controlado por práticas de catação manual das fêmeas ingurgitada semanalmente, evitando-se que estas realizem a oviposição, interrompendo o ciclo.
O Amblyomma é responsável pela transmissão da Babesiose eqüina, uma doença de grande importância no meio. Para que o animal tenha imunidade frente a esta doença é necessário que tenha contato com o carrapato; portanto, não podemos eliminá-lo totalmente das propriedades e, sim, mantê-lo sob controle. Alguns estabelecimentos de cavalos de corrida e centros hípicos devem manter controle rígido, porque os animais devem ser livres de Babesiose e outros agentes, para terem permissão de entrada em outros países onde não ocorrem estas doenças. Consulte um médico-veterinário para estabelecer o controle adequado dos carrapatos em sua propriedade.
Para o homem, o carrapato pode transmitir a Febre Maculosa, que é de rara incidência, mas nem por isto menos perigosa. Devemos ter cuidado. Casos foram registrados nos Estados de São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Espírito Santo e Santa Catarina.
A doença é transmitida através da picada do carrapato após ficar aderido na pele por um período mínimo de quatro horas. Deve-se evitar caminhar em áreas conhecidamente infestadas por carrapatos no meio rural ou parques de áreas urbanas. Sendo necessário frequentar estas áreas, usar calça comprida, botas, meias ou fitas adesivas na bainha da calça com a bota. O uso de repelentes a base de DEET é recomendado. A pessoa deve vistoriar o corpo a cada três horas durante os trabalhos e passeios. Deve também manter áreas gramadas aparadas próximas às residências, verificar as roupas utilizadas e tomar banho após contato com carrapatos.
Fonte: Rivaldo Nunes da Costa – Médico veterinário e consultor em Produção Animal
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