Com a evolução do mercado e das biotécnicas reprodutivas, a produção de potros tem se desenvolvido e tornado um importante fator econômico. O cuidado com a fêmea gestante é indispensável em todas as espécies, porém a equina merece uma atenção maior, pois caso haja uma perda gestacional avançada, a temporada reprodutiva seguinte poderá ser comprometida. Dessa forma, uma gestão saudável, com o acompanhamento de um médico veterinário capacitado, é primordial para o desenvolvimento de um potro sadio evitando, também, perdas econômicas.
Para que a gestação ocorra normalmente, a monitoração do feto e placenta, com a Ultrassonografia Transretal ou Transabdominal, é fundamental, pois a partir dela é possível detectar a gestação de risco e eventuais problemas. Atualmente os veterinários envolvidos com Transferência de Embriões seguem uma mesma linha de trabalho, fazendo o ultimo diagnóstico de gestação das éguas receptoras aos 45 dias. Quando positivo, a égua é destinada ao pasto em lotes com outras na mesma situação, não sendo acompanhadas periodicamente.
AS principais causas de aborto, natimorto e morte neonatal em equinos são infecções bacterianas, virais ou fúngicas da placenta (Placentite) e complicações ao parto associadas à distocias (traumas fetais e asfixia). Então, as condições que provocam uma gestação de risco podem ser de origem materna, fetal ou placentária.
A placenta é responsável pelas trocas nutricionais, gasosas e residuais e a sua inflamação (Placentite) leva a um alto índice de morte fetal. Na maioria das vezes em que a sua formação se inicia tardiamente, os resultados são os nascimento de potros debilitados ou até prematuros. Os fatores predisponentes podem ser de origem materna, como estresse; Laminite; crises abdominais agudas; entre outras afecções severas, ou de origem fetal, como anormalidades congênitas; anomalias do cordão umbilical (edema, torção, saculações); gestação gemelar; infecções e prematuridade. Inicialmente a Placentite é silenciosa, portanto, o ideal é avaliação frequente do animal através do exame ginecológico completo desde a inspeção do aparelho reprodutor, observando, por exemplo, a presença de secreções vaginais e lactação prematura, até o exame Ultrassonográfico Transretal, com a observação da espessura e integridade da junção uteroplacentária.
A gestação também pode ser avaliada através dos índices bioquímicos que indicam a atividade feto-placentária. Ainda que haja controvérsias em relação aos valores de referência e metodologias de coleta, as dosagens hormonais, principalmente os níveis progestágenos e estrógenos plasmáticos, são indicadores que podem ser utilizados para se avaliar o bem-estar materno-fetal. Além disso, pode-se avaliar também a secreção mamária de eletrólitos, que é caracterizada por elevada concentração de cálcio nas proximidades do parto, e é uma alternativa para detectar a lactação precoce em casos de Placentite. No entanto, na prática, os índices biofísicos são os mais utilizados quando se trata de avaliação da prenhez, devido à facilidade, rapidez e custo do diagnóstico. Estes são baseados na Ultrassonografia, que pode ser via Transretal ou Transabdominal. Através da técnica Transretal, analisa-se a integridade da estrela cervical, o aspecto do fluido fetal e a espessura da junção útero-placentária, locais afetados primariamente pela Placentite e separação prematura da placenta. A Ultrassonografia Transabidominal é uma excelente alternativa na avaliação de gestações mais avançadas, que permite a observação do posicionamento e atividade fetal, aspecto dos fluidos amnióticos e alantoideanos, espessura e integridade placentária.
A saúde da égua gestante pode interferir diretamente no desenvolvimento do feto e potro, sendo de extrema importância o acompanhamento detalhado da placenta além do fornecimento de condições favoráveis de manejo, nutrição e sanidade. Portanto, o reconhecimento precoce de complicações ainda no útero permite que se realize um tratamento prévio, garantindo um parto eutócio (parto normal) e facilitando um suporte do neonato durante ou imediatamente após o parto.
“A placenta é responsável pelas trocas nutricionais, gasosas e residuais e a sua inflamação (Placentite) leva a um alto índice de morte fetal. Na maioria das vezes em que a sua formação se inicia tardiamente, os resultados são os nascimentos de potros debilitados e até prematuros.”
Por:Maria Gazzinelli Neves (M.V, Mestranda em Zootecnia e Reprodução Animal/UFV); Mariana Abreu Redoan (Estágiaria do Setor de Equideocultura da UFV); Calos Mattos T. Soares (Estágiario do Setor de Equideocultura da UFV)
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