Você sabia que uma boa noite de sono pode ser fundamental para o bom desempenho do seu cavalo? Pense bem! Quando você dorme mal, cama dura demais, ou em um quarto com cheiro de mofo, como é que você se sente no dia seguinte? A cama na qual você dorme é fundamental para que você tenha um “dia seguinte” prazeroso e produtivo.
Ao contrario do que muitos pensam o cavalo não dorme em pé. Ele dorme deitado e pode cochilar e ter um sono profundo, que refaz as energias, e que (no ser humano) nos deixa sonhar e relaxar, só é atingido quando o cavalo deita, dorme e, ai sim, relaxa! Para isso, assim como para nós, seres humanos, é preciso haver conforto e segurança, para que seu cavalo possa aproveitar esse momento e realmente descansar. Esse relaxamento máximo, que ocorre à noite ou na madrugada, deve ser o melhor possível para que o cavalo reponha suas energias, diminua o grau de estresse e com isso melhore seu desempenho.
As noites mal dormidas têm forte influencias no desempenho do Mangalarga Marchador, tanto gerando problemas físicos como dores musculares, contraturas, maqueiras (claudição), queda de imunidade e desempenho físico, gerando também problemas da mente estes últimos mais visíveis como problemas comportamentais (ansiedade, depressão, nervosismo entre outros).
O cavalo em liberdade, ou a pasto procura local mais seguro e confortável para seu descanso. Quando este cavalo esta limitado a uma cocheira ou baia, cabe a nós desenvolvê-la da melhor forma, mantendo as melhores condições que lhe proporcionem um bom descanso, pois só assim nosso cavalo estará disposto a nos acompanhar nas atividades atléticas e de lazer do dia a dia.
Varias são as condições que devem ser observadas para gerar conforto ao nosso Mangalarga Marchador. As cocheiras devem ser planas, com boa drenagem, bem arejadas, preferencialmente voltadas para o nascer do sol, para que promovam um aquecimento local que diminua a umidade, mas sem excesso de calor.
Chocheiras mal ventiladas, com excesso de dejetos, como fezes e urina, fazem com que os cavalos desenvolvam uma série de problemas respiratórios e alérgicos.
O material da cocheira varia de acordo com seu investimento e local: pode ser madeira ou alvenaria, o que ocorre geralmente. Sendo a parte superior (terço superior) com uma parte aberta de tal forma que permita ao cavalo ver outros animais para socialização e que permita formas como barras (estreitas para que o cavalo não coloque os dentes ou casco), tela ou vão livre (aberta) e porta dupla em cocheiras fechadas.
A porta dupla pode ser feita de madeira em duas seções: a inferior de 1,5m e a superior de 1,0m. Largura da porta deve ser de 1,20m para evitar acidentes na entrada e saída do cavalo. Sempre abrindo para o lado de fora, e preferencialmente com uma proteção na seção inferior, pois os animais podem morder essa parte da porta.
Os cochos devem ser colocados nas quinas das cocheiras (cantos para dar mais espaço para o cavalo no interior da cocheira) e devem ser chanfrados e arredondados para evitar machucar os animais e diminuir o acumulo de sujeira nos mesmos.
O tamanho das cocheiras pode variar: reprodutores = 4x 4 m, éguas com cria ao pé = 4 x5 m ou 6 m (mas o ideal é deixa-las em piquetes maternidade), éguas = 3 x 3 m, potros = 3 x 3m. As cocheiras devem ter também pé direito de 3,5m. A cobertura pode variar, mas telhas de barro são sempre as mais recomendadas.
O piso pode variar. No caso das cocheiras de alvenaria com piso de cimento: o piso não pode ser muito liso, deve ter inclinação de 1% com calha coletora de urina. Outra alternativa que vem crescendo muito por ser útil e pratica, seria o piso- filtro que pode ter vários esquemas de filtração.
Segue abaixo um exemplo bem simples e efetivo composto de:
• Escavação de áreas (expandida ou central da cocheira) em forma de funil ou pirâmide
• 90 cm de profundidade
• 30 cm de pedra brita (para realizar a filtração)
• 20 cm de carvão vegetal (para evitar o mal cheiro)
• 40 cm de areia lavada
Esta ultima (areia lavada) pode atuar como cama (com 50 cm), no caso de se fazer a área expandida. Outra forma é sua utilização aberta apenas na área central, atuando como filtro. Nessa forma, o piso superior será coberto por cimento com a inclinação de 1% direcionada de cada uma das paredes (quatro) para o centro da cocheira. Esta área atuará como se fosse um ralo.
O filtro serve para a coleta da urina se a cama ficar úmida irá favorecer o apodrecimento da ranilha e o amolecimento dos cascos além de propiciar outras doenças. As fezes deverão ser retiradas diariamente das cocheiras por garfo ou ancinho evitando assim contaminação do ambiente. Muito cuidado! Piso e cama são coisas diferentes.
Após colocarmos o piso devemos ter um cuidado especial com a cama. Para melhor entendimento podemos comparar: o piso seria o estrado da nossa cama, e a “cama” propriamente dita seria o nosso colchão.
Por: Kate Barcelos (Médica Veterinária, técnica de Registro Definitivo, instrutora de Equitação e Adestramento da ABCCMM e SENAR/MG)
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