PREVENÇÃO: ela ainda é o melhor remédio!

Os Mangalarga Marchadores, assim como os humanos e outros animais, estão constantemente expostos a agentes infecciosos. A maioria das bactérias e vírus não causa doenças, mas alguns deles podem trazer grandes prejuízos à saúde dos animais, acarretando uma enorme perda econômica para criadores e proprietários.

Estas perdas econômicas se apresentam de três formas. Primeiro, com gastos em tratamentos muitas vezes dispendiosos. Segundo, pelo afastamento dos animais enfermos de exposições e competições. E terceiro, pela mortalidade de animais e abortos.

Com o objetivo de diminuir estas perdas, várias estratégias de prevenção a doenças podem ser adotadas. Entre elas destacamos a diminuição da lotação da propriedade, isolamento de animais que estão entrando no rebanho, higiene rigorosa das instalações, nutrição adequada dos animais, controle de ecto e endoparasitas, etc. De todas estas soluções nenhuma se mostrou tão eficaz e barata quanto a vacinação.

A vacinação é a maior arma para a contenção de epidemias seja na medicina humana como na Medicina Veterinária. O maior problema enfrentado pelas autoridades sanitárias, é quando se vêem diante de uma enfermidade infecciosa para qual não exista vacina. Como já foi dito, os Mangalarga Marchadores sofrem com doenças infecciosas para qual não exista vacina, e tais doenças podem ser evitadas, ou ter suas consequências minimizadas, com a adoção de um programa vacinal adequado.

As enfermidades infecciosas que afetam que afetam os equinos podem ser divididas em três grupos, que serão descritas a seguir.

Vacinação imprescindível

O primeiro grupo de doenças é formado por doenças que causam altos índices de mortalidade e, muitas vezes, podem transformar em problemas de saúde publica. Incluem-se neste grupo a Raiva, o Tétano e as encefalomielites virais.

A Raiva, na quase totalidade dos casos, é transmitida pelo morcego hematófago. Uma característica marcante da raiva é que ela afeta a maior parte das espécies de animais, inclusive o homem, e não tem cura. Uma vez que o animal tenha sido contaminado, e apresente os sinais clínicos, ele irá morrer.

No caso do Tétano, ele é causado pela toxina de uma bactéria que se desenvolve em ambientes sem oxigênio, o que ocorre principalmente em feridas perfurantes do casco. O cavalo talvez seja a espécie mais sensível à doença. O Mangalarga Marchador com Tétano se apresenta como um grande problema, uma vez que o tratamento é muito caro e por muitas vezes ineficaz, sendo que na maioria das vezes o animal vai a óbito.

As encefalites virais são transmitidas por mosquitos, que ao picarem aves contaminadas adquirem o vírus, que pode ser transmitido aos equinos e também ao homem. Uma vez que contaminados, os animais apresentam sintomatologia nervosa como incoordenação. A mortalidade pode variar de 10 a 50% dos casos.

O que há de comum entre estas doenças, é o fato de que para ser contaminado, o Mangalarga Marchador não precisa estar necessariamente em contato com os outros cavalos. Um animal isolado na propriedade está sujeito ao ataque de morcegos, picadas de mosquitos e a feridas perfurantes no casco.

A prevenção destas doenças pela vacinação é extremamente eficaz e de baixo custo, principalmente quando analisamos os prejuízos que elas acarretam.

Vacinação necessária

O segundo grupo é composto por enfermidades, que são muito contagiosas, mas não causam mortalidade alta. É o caso da Gripe Equina e da Rinopneumonite. Ambas as doenças são causadas por vírus e afetam o sistema respiratório superior. Geralmente acometem vários animais no rebanho, e os prejuízos são causados pelo afastamento dos animais de competições e também pelo gasto com medicamentos.

Os principais sintomas são corrimento nasal, febre e tosse. Os Mangalarga Marchadores, muitas vezes, diminuem a ingestão de alimentos, prejudicando o desenvolvimento dos potros.

Mangalarga Marchadores que participam de eventos hípicos em geral estão mais expostos ao contato com outros animais e, portanto, apresentam maior risco de contraírem estas doenças. O Ministério da Agricultura recomenda que os equinos só devem participar desses eventos quando vacinados. No entanto, nem todos esses são organizados sob a chancela da vigilância sanitária.

Além da doença respiratória, o vírus da Rinopneumonite é o principal causador de aborto infeccioso em éguas, podendo levar até 50% delas perderem a prenhez.

Considerando a potencialidade de perdas, acreditamos que qualquer animal de qualidade zootécnica superior deveria estar imunizado contra estas doenças. Se avaliarmos o quanto representa uma única prenhez oriunda de transferência de embrião, ou quanto pode ser a valorização de um animal após uma exposição, o valor despendido com a vacinação torna-se um investimento muito interessante.

Vacinação com indicação

Neste grupo colocamos outras doenças infecciosas que podem afetar os animais em situações ou propriedades específicas. Seriam enfermidades que não estão presentes em todos os rebanhos. Neste caso, o médico veterinário, ao identificar os problemas, poderá recorrer à vacinação como estratégia de controle desta doença em particular.

Entre estas enfermidades destacamos a Leptospirose, que pode provocar abortos; o Garrotilho; diarréias em potros; pneumonias em potros, etc.

Sugestão de esquema vacinal

No caso das enfermidades do primeiro grupo (Raiva, Tétano e Encefalomielite), quando os animais forem vacinados pela primeira vez, deverão receber de 2 a 3 doses com intervalo de 4 semanas entre elas. Depois da primo-vacinação, os animais receberão reforço anual. Os potros devem ser vacinados a partir de 4 meses de idade.

A Gripe Equina e a Rinopneumonite requerem um protocolo mais intensivo. Assim como nas doenças anteriores, os Mangalarga Marchadores que forem vacinados pela primeira vez deverão receber de 2 a 3 doses. A diferença estaria na frequência do reforço, pois a imunidade conferida para tais doenças não é tão duradoura. O número de reforços anuais estaria diretamente ligado ao grau de desafio que estes animais são expostos. Normalmente se recomenda reforço a cada 6 meses, mas em situações extremas poderá ser adotado reforço trimestral. Seu veterinário é a melhor pessoa para orientá-lo.

Uma situação particular se refere à égua prenhe. Para evitar o aborto por Rinopneumonite, a reprodutora deverá ser vacinada no quinto, sétimo e nono mês de gestação. Lembre-se que a prevenção é o melhor remédio!

*Colaborou o médico veterinário Tércio Colucci de Andrade

Por: Luiz Eduardo dos Santos Ferraz (Médico Veterinário e doutor em Clínica Médica)